Faleceu na madrugada desta terça, 15, a atriz Léa Garcia: Ela tinha 90 anos e morreu em Gramado, na Serra do Rio Grande do Sul, onde seria homenageada na noite de hoje no Festival de Cinema com o Troféu Oscarito.
Segundo o filho e empresário da atriz, Marcelo Garcia, Léa teve um infarto agudo do miocárdio. Ela chegou a ser encaminhada para o Hospital Arcanjo São Miguel, mas chegou sem vida.
Ao lado de nomes como Ruth de Souza e Zezé Motta, Léa Garcia foi uma das primeiras atrizes negras da televisão brasileira, e uma das maiores expoentes da cultura afro-brasileira. Ela ficou famosa ao participar da produção francesa filmada no Brasil “Orfeu Negro”, filme de 1959 aclamado em Cannes, onde ela concorreu como melhor interpretação feminina. “Orfeu Negro” foi um sucesso mundial e venceu o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro naquele ano.
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A atriz contabilizava mais de 100 produções no currículo, incluindo cinema, teatro e televisão. Ela já tinha conquistado quatro Kikitos, com “Filhas do Vento”, “Hoje tem Ragu” e “Acalanto”. Na TV, participou de novelas como as primeiras versões de “Selva de Pedra” e “Escrava Isaura”, além de “Xica da Silva” e “O Clone”.
O papel da vilã Rosa em “Escrava Isaura” a tornou reconhecida nacionalmente, mas também trouxe problemas para a atriz, que chegou a apanhar na rua de telespectadores revoltados com as ações da personagem.
Léa se dedicou a fomentar o cinema negro brasileiro ao longo da vida. Como roteirista, adaptou para as telas textos de autores negros como Cidinha da Silva, Luiz Silva Cuti e Muniz Sodré. Ela também participou de produções feitas por pessoas negras que colocavam temas raciais no centro do enredo, como “As Filhas do Vento” (2005).
Filha de uma modista e de um bombeiro, Léa Garcia nasceu no Rio de Janeiro em 1933. A atriz deixa dois filhos. Seu último papel na TV foi Dona Antônia na terceira temporada de “Mister Brau”, em 2017, mas ela deixou gravado um trabalho inédito, a 3ª temporada de “Arcanjo Renegado”, do Globoplay.