A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) deu uma entrevista coletiva no final da manhã desta quarta-feira, 2, e confirmou que fez pagamentos ao hacker da Vaza Jato, Walter Delgatti. No entanto, ela afirmou que o contratou para realizar serviços em seu site pessoal. Tanto Zambelli quanto Delgatti foram alvo de operação da Polícia Federal (PF) hoje, com o hacker sendo preso.
A deputada disse:
“Os pagamentos que houve foram sempre relacionados ao site, para ele fazer melhorias no site, fazer firewall no site e ligar as minhas redes sociais ao site, que ele próprio disse que não conseguiu realizar essa tarefa. Inclusive, deveria ter tido até a devolução [do dinheiro]”.
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Veja no vídeo abaixo, transmitido das redes sociais da deputada:
Segundo a deputada, R$ 3 mil de sua cota para comunicação foram usados para fazer os pagamentos a Delgatti. O restante, que somam R$ 13,5 mil, segundo fontes da PF, saiu do seu próprio bolso.
Em sua fala, ela também confirmou que houve uma reunião entre Delgatti e o ex-presidente Jair Bolsonaro, e também com o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, na qual ele perguntou ao hacker se haveria possibilidade de violar a segurança das urnas eletrônicas brasileiras. Mas segundo Zambelli, as conversas não foram além disso.
Delgatti, por sua vez, prestou um depoimento no final de junho à PF, no qual afirmou que Zambelli pediu para que ele “obtivesse conversas comprometedoras” do ministro Alexandre de Moraes. A invasão do sistema do Judiciário, motivo da operação da PF contra Zambelli e Delgatti, incluiu a publicação de um mandado falso de prisão contra Moraes.
Segundo depoimento de Delgatti no final de junho, Zambelli lhe pediu para invadir os dispositivos de Moraes, como o celular ou o e-mail do ministro, “caso não conseguisse invadir a urna”.
Conversas em Brasília apontam que o PL já trabalha com o cenário da possível cassação da deputada. Integrantes do partido não estariam dispostos a apoiá-la depois do incidente na véspera do segundo turno da eleição presidencial ano passado, quando ela perseguiu, de arma em punho, um jornalista por um bairro de São Paulo. O episódio teria custado a Bolsonaro votos preciosos tão perto da eleição, na visão de muitos parlamentares do partido.