O dramaturgo, diretor, ator e encenador José Celso Martinez Corrêa morreu nesta quinta-feira (6), na capital paulista, aos 86 anos. Ele estava internado desde terça, dia 4, na na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital das Clínicas, após um incêndio em seu apartamento.
Na ocasião, estavam no apartamento Marcelo Drummond, marido de Zé Celso, Ricardo Bittencourt e Victor Rosa, além do cachorro Nagô. Os três, incluindo Nagô, ficaram em observação por terem inalado muita fumaça. O dramaturgo teve 53% do corpo queimado, ficou sedado, entubado e com ventilação mecânica, e não resistiu aos ferimentos.
A morte de Zé Celso foi confirmada pelas redes sociais do Teatro Oficina, companhia fundada por ele em 1958.
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Ele nasceu em Araraquara, interior paulista, em 1937, e se tornou conhecido pela maneira excêntrica e ousada de montar suas peças de teatro e provocar a plateia, criando um teatro experimental e que dialogava com a realidade social e política do país. Iniciou a carreira no final da década de 1950 com duas peças de sua autoria: “Vento Forte para Papagaio Subir” e “A Incubadeira”.
Zé Celso estudou na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, e acabou não concluindo o curso. Foi durante seu período universitário que fundou o Grupo de Teatro Amador Oficina, no final da década de 1950, que ganhou sede própria em 1961, no Centro da capital paulista. O Teatro Oficina foi tombado como patrimônio histórico em 1982.
Em 1966, a sede do teatro foi destruída num incêndio provocado por grupos paramilitares. O grupo levantou fundos para a reconstrução fazendo remontagens de antigos sucessos no palco.
Em 1968, Zé Celso levou ao Rio de Janeiro sua primeira peça fora do Teatro Oficina. Na ocasião, ele dirigiu o histórico espetáculo Roda Viva, de Chico Buarque, com um tom provocador. Na peça, os atores incitavam a plateia fisicamente, iniciando algo que se tornou marca registrada nos trabalhos do diretor, e que foi ainda mais explorado em espetáculos seguintes.
O regime militar perseguiu os integrantes do Teatro Oficina. Em 1974, Zé Celso deixou o Brasil e foi para Portugal após ser preso e torturado. Ele voltaria ao país em 1978.
Na década de 1980, Zé Celso ficou afastado dos palcos, se dedicando a pesquisas e a oficinas ministradas no espaço. Ele também dirigiu e participou de filmes, como “O Rei da Vela” (1982), “25” (1977) e “Encarnação do Demônio” (2008).
Ele se casou em junho deste ano com Marcelo Drummond, de 60 anos. Usando ternos brancos, o casal oficializou a relação de quase 40 anos em uma cerimônia no Teatro Oficina Uzyna Uzona.
Desde a confirmação do falecimento do dramaturgo, nomes da política como Geraldo Alckmin, Fernando Haddad e Sônia Guajajara, e das artes como o cineasta Kleber Mendonça Filho, a cartunista Laerte e o ator José de Abreu já lamentaram a morte nas redes sociais.