O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta, 29, que há diferentes visões sobre o que constitui uma democracia, ao comentar novamente a situação da Venezuela, governada pelo ditador Nicolás Maduro.
Ao ser questionado sobre porque Lula e o governo brasileiro hesitam em classificar o governo venezuelano como ditadura, o mandatário brasileiro afirmou:
“O conceito de democracia é relativo para você e para mim. Gosto de democracia porque a democracia me fez chegar à Presidência pela terceira vez. Por isso gosto de democracia e a exerço em sua plenitude. O mundo inteiro sabe que a governança do PT aqui é exemplo de exercício da democracia”.
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Ele também afirmou que a Venezuela teve mais eleições que o Brasil nos últimos anos, embora o pleito que reelegeu Maduro em 2018 seja amplamente questionado e não tenha sido acompanhado por observadores internacionais, como é de praxe em nações democráticas.
Ele também comentou sobre o fato de algumas países, incluindo o Brasil sob a administração de Jair Bolsonaro, terem reconhecido Juan Guaidó, então presidente do Legislativo venezuelano, como presidente legítimo do país. Lula disse:
“As pessoas têm de aprender a respeitar o resultado das eleições. O que não está correto é interferência de um país em outro. O que fez o mundo tentando eleger Guaidó presidente da Venezuela, um cidadão que não tinha sido eleito? Se a moda pega, não tem mais garantia na democracia. Quem quiser derrotar o Maduro, que derrote nas próximas eleições”.
Lula também afirmou que cobrou Maduro sobre pagamento de dívida da Venezuela com o Brasil, e chamou o país e Cuba de “bons pagadores”.
As declarações de Lula foram dadas durante entrevista à Rádio Gaúcha.
No mês passado, durante reunião em Brasília com líderes de países sul-americanos, incluindo Maduro, Lula chamou de “narrativa” a visão de que a Venezuela está sob uma ditadura.