O primeiro-ministro da Rússia, Mikhail Mishustin, foi a primeira autoridade do país a se pronunciar sobre os acontecimentos do final de semana, quando no sábado os mercenários fortemente armados da organização Grupo Wagner tentaram efetivar um motim. Mishustin falou nesta segunda, 26, e disse que o país enfrentou “um desafio à sua estabilidade”.
Ainda no final de sábado, foi firmado um acordo entre o governo russo e o grupo de mercenários que evitou derramamento de sangue. Segundo os termos do acordo, os mercenários do Grupo Wagner retornariam à base, enquanto seu líder, Yevgeny Prigozhin, se mudaria para Belarus. Todas as acusações criminais contra ele e seus combatentes seriam retiradas, de acordo com o Kremlin.
Em sua fala sobre o incidente, Mishustin pediu apoio ao presidente russo Vladimir Putin e falou:
“O principal nessas condições é garantir a soberania e a independência de nosso país, a segurança e o bem-estar dos cidadãos.
Para isso, a consolidação de toda a sociedade é especialmente importante; precisamos agir juntos, como uma equipe, e manter a unidade de todas as forças, unindo-se em torno do presidente”.
Leia mais:
Líder do grupo Wagner recua ataque a Rússia
VÍDEOS: Grupo Wagner se rebela contra Rússia e ameaça ataque. Saiba quem são
No sábado, Putin afirmou que a rebelião da força mercenária Wagner havia ameaçado a própria existência da Rússia e prometeu esmagá-la. No entanto, ele não comentou publicamente desde então sobre os eventos dramáticos ou sobre o acordo mediado pelo presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, que neutralizou a crise.
Mishustin é um tecnocrata que assumiu o cargo de primeiro-ministro em 2020.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que está em guerra com a Rússia desde fevereiro de 2022, chegou a escrever em seu Twitter que a “fraqueza da Rússia é óbvia”. Ele também escreveu:
“Quanto mais a Rússia mantiver suas tropas e mercenários em nossa terra, mais caos, dor e problemas ela terá para si mesma mais tarde”.
A rebelião dos mercenários do Grupo Wagner começou na sexta, 23, quando Prighozin, líder do grupo, disse que tinha assumido o controle da cidade de Rostov-on-Don, no sul da Rússia. Sua intenção seria destituir a liderança militar de Putin na Ucrânia. O levante dos mercenários chegou a ameaçar uma invasão a Moscou.
O Grupo Wagner tem um efetivo de 50 mil homens. É composto por mercenários condenados por crimes na Rússia que receberam anistia de Putin em troca de ajudarem o exército russo em conflitos armados pelo mundo, como na Ucrânia. Já Prighozin é considerado um dos homens mais ricos da Rússia, e há meses critica o alto-comando das Forças Armadas de Putin pela condução da guerra na Ucrânia.