O cineasta James Cameron, diretor da superprodução “Titanic” (1997), se pronunciou ontem, 22, sobre o trágico fim da expedição aos restos do navio icônico realizado pela empresa Oceangate, cujo submarino sofreu uma “implosão catastrófica”, de acordo com a Guarda Costeira norte-americana. Todos os cinco ocupantes do submarino morreram.
Cameron criticou a empresa, que vem fazendo expedições turísticas ao Titanic desde 2021. Ele disse à rede ABC News:
“Estou impressionado com a semelhança do próprio desastre do Titanic. O capitão foi repetidamente avisado sobre o gelo à frente de seu navio e ainda assim ele navegou a toda velocidade em um campo de gelo”.
Ele continuou:
“Como projetista de submersíveis, construí [uma máquina] para ir ao lugar mais profundo do oceano, três vezes mais profundo que o Titanic. Portanto, entendo os problemas de engenharia associados à construção desse tipo de veículo e todos os protocolos de segurança que você deve seguir. E eu acho que [é] absolutamente crítico identificar que a mensagem de nosso esforço aqui é [que] o mergulho em submersão profunda é uma arte complexa. Desde o início dos anos 60, onde ocorreram alguns acidentes, ninguém morreu na submersão profunda até agora”.
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Cameron, diretor vencedor do Oscar por “Titanic”, é também entusiasta do mergulho, tendo realizado mais de 30 descidas tanto para o famoso navio para realizar seu épico quanto para, mais tarde, produzir o documentário “Ghosts of the Abyss” (2003), no qual mergulhou até o ponto mais profundo da Terra, a Fossa das Marianas, no Oceano Pacífico.
As declarações de Cameron foram rebatidas hoje, 23, pelo co-fundador da OceanGate. Guillermo Söhnlein, empresário argentino que fundou a empresa junto com o CEO Stockton Rush, morto na tragédia, disse que Rush colocava a segurança em primeiro lugar.
Söhnlein disse à emissora britânica Times Radio:
“Ele era extremamente comprometido com a segurança. Ele também era extremamente diligente na gestão de riscos e muito consciente dos perigos de operar em um ambiente oceânico profundo. Esta foi uma das principais razões pelas quais concordei em fazer negócios com ele em 2009”.
O empresário também disse que é cedo para tirar conclusões sobre o acidente.
A Guarda Costeira dos EUA vai continuar investigando os destroços encontrados perto do Titanic, a procura de evidências que permitam desvendar o que aconteceu com o submarino.