O presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) leu nesta quarta, 26, o pedido de criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai investigar os atos golpistas de 8 de janeiro deste ano em Brasília, quando manifestantes invadiram a sede dos Três Poderes e depredaram prédios públicos, e destruíram móveis e obras de arte.
A leitura do requerimento na sessão do Congresso significa que, na prática, a CPI mista dos Atos Golpistas está criada, faltando apenas a publicação do ato no Diário Oficial da União.
A CPMI será composta por 16 deputados e 16 senadores, e poderá ter duração de até seis meses.
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O pedido de criação do colegiado é de autoria do deputado bolsonarista André Fernandes (PL-CE). Ele próprio é investigado no STF (Supremo Tribunal Federal) por suposto envolvimento nos atos.
A princípio, o governo Lula se mostrava contrário à criação da CPMI, mas mudou de tom após a divulgação do vídeo com o ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Gonçalves Dias, dentro do Palácio do Planalto enquanto manifestantes invadiam o prédio. O general acabou pedindo demissão do cargo após a divulgação das imagens.
Por outro lado, o ex-presidente Jair Bolsonaro tem feito pressão junto ao PL para que seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, faça parte da CPMI. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também poderia participar. O ex-presidente teme se tornar o alvo principal das investigações. Hoje mesmo, Bolsonaro depôs na sede da Polícia Federal, em Brasília, sobre suposto envolvimento com os atos: no dia 10 de janeiro, Bolsonaro postou em rede social vídeo questionando novamente o sistema eleitoral brasileiro, e a postagem foi apagada poucas horas depois.
Em decorrência do 8 de janeiro, cerca de 1.400 pessoas foram presas. Esta semana, o STF já votou por tornar réus os 100 primeiros acusados pelos atos golpistas, e no momento vota para responsabilizar criminalmente os próximos 200.