O desaparecimento da jovem Emanuela Orlandi, no Vaticano, em 1983, está de volta às páginas dos jornais. Passados quarenta anos, uma série documental da Netflix sobre o paradeiro da adolescente e a reabertura da investigação, declarações do irmão da vítima, obrigaram o Papa Francisco a fazer uma defesa enfática de um de seus antecessores, São João Paulo II.
“Dirijo um pensamento grato à memória de São João Paulo II, que nestes dias é objeto de insinuações ofensivas e infundadas”, proferiu o sumo pontífice, na Praça de São Pedro perante quem assistia à homilia deste domingo.
Em causa estão as declarações de Pietro Orlandi, irmão da vítima, num programa da televisão italiana, onde insinuou que o antigo líder da igreja católica, São João Paulo II, tinha como prática corrente sair dos aposentos à noite com alguns bispos em busca de menores. “No Vaticano, dizem-me, Wojtyla saia à noite com dois monsenhores poloneses e não era para abençoar casas”, acusou Pietro.
Outras hipóteses levantadas ao longo das últimas quatro décadas apontam ainda para o rapto da jovem a mando de um grupo mafioso, ou mesmo por um grupo que pretendia chantagear o Vaticano para libertar Mehmet Ali Ağca, acusado de uma tentativa de assassínio do Papa João Paulo II em 1981. Até à data, nenhuma investigação foi conclusiva.
Ex-secretário
O arcebispo emérito de Cracóvia, secretário de Karol Wojtyla por quarenta anos, pronunciou-se sobre as recentes declarações de Pietro Orlandi, irmão de Emanuela, cidadã vaticana desaparecida em 1983, sobre o comportamento alegadamente inapropriado do Papa polonês. O cardeal espera que o “caso angustiante” seja liberado de “depredações, mitomania e chacais” e que “a Itália saiba zelar pelo direito a uma boa reputação daqueles que já não estão mais aqui”.